sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mário de Andrade

Mário foi romancista, poeta, pesquisador, etnógrafo, musicólogo, documentarista, ensaísta. Foi também o intelectual designado pelo Ministro da Educação e Saúde para elaborar o anteprojeto de um serviço destinado à defesa do patrimônio artístico nacional em 1936. Juntamente com Rodrigo Melo Franco de Andrade, criou em 1937 o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que mais tarde viria a se tornar o Iphan. A primeira edição da Patrimônio selecionou seis trechos de textos do autor que dedicou parte significativa de sua vida em defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro. No final da seção, são elencados alguns links onde você pode ter mais informações sobre a vida de Mário de Andrade.

Museus
 
“[...] o verdadeiro museu não ensina a repetir o passado, porém a tirar dele tudo o quanto ele nós dá dinamicamente para avançar em cultura dentro de nós, e em transformação dentro do progresso social.” – Museus Populares (Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, n. 30, 2002, p. 188)

Registro das tradições folclóricas
 
“Da mesma forma com que a inscrição num dos livros de tombamento de tal escultura, de tal quadro histórico, dum Debret como dum sambaqui, impede a destruição ou dispersão deles, a fonografia gravando uma canção cientificamente ou o filme sonoro gravando tal versão baiana do bumba-meu-boi, impedem a perda destas criações, que o progresso, o rádio e o cinema estão matando com violenta rapidez.” (Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, n. 30, 2002, p. 148)

Política Cultural
 
“Há que forçar um maior entendimento mútuo, um maior nivelamento geral da cultura que, sem destruir a elite, a torne mais acessível a todos, e em conseqüência lhe dê uma validade verdadeiramente funcional. Está claro, pois, que o nivelamento não poderá consistir em cortar o tope ensolarado das elites, mas em provocar com atividade o erguimento das partes que estão na sombra, pondo-as em condição de receber mais luz. Tarefa que compete aos governos.”

(Carta a Paulo Duarte, 1937 in: Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, n. 30, 2002, p. 141)

O autor e seu estado
 
“Não é possível esperar-se de S. Paulo grande coisa com valor artístico nacional. As condições históricas e econômicas deste meu Estado, a contínua evasão de paulistas empreendedores para outras partes do Brasil nos sécs. XVII e XVIII, o vertiginoso progresso ocasionado pelo café, são as causas principais da nossa miséria artística tradicional. Ou ruínas de quanto o progresso rastaqüera não cuidou de conservar, ou precariedades duma gente dura e ambiciosa, que menos cuidava de delícias do que aventura. Se é sempre certo que sobram aos Paulistas mil meios de se consolar de sua pobreza artística tradicional: consolação não modifica a verdade.”

(Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, n. 30, pp. 151-152)

Música Popular
 
“Alguns autores nossos, preocupados de folclore, têm classificado de boçais, sem sentido ou coisa parecida certas poesias de danças cantadas nossas, cocos, sambas, etc. [...] É não compreender a coisa folclórica. Não se trata aqui de poesia cantada, não se trata propriamente de poesia, mas de música. A música domina soberana. Como porém o instrumento usado pra fazer música é a voz humana, a palavra se ajunta necessariamente, não à música, mas à voz humana, e a melodia é preenchida com palavras. E sempre palavras necessárias.” (O samba rural paulista)

(Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, n. 30, 2002, p. 99)

Autobiografia
 
“Sentindo que não tinha forças suficientes pra me universalizar, sem aquele gênio, ah! que me importa como brasileiro ao mundo, doutra forma me abrasileirei: dentro da ordem das minhas tendências artísticas, me fiz brasileiro para o Brasil. Resolvi trabalhar a ‘matéria’ brasileira, especificá-la, determiná-la o quanto em mim [sic] e na complexidade dele. O caso lingüístico não é senão um dos muitos corolários dessa realização de mim. Digo ‘de mim’ e não do Brasil, porque sabia muito conscientemente desde o princípio que se tratava de dar minha contribuição pessoal, e não, com o meu serzinho minúsculo realizar o sentido e a imagem do Brasil. Não havia crítica de arte em S. Paulo, e a pouca brasileira existente era mais que péssima. Fiz crítica de arte.” (Mário de Andrade a Sousa da Silveira. In: Revista do Livro. Rio de Janeiro, MinC/INL, n. 26, p. 117-33, set. 1964)

http://www.ieb.usp.br/ieb/mario/cronologia_vida_obra.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/semana3.htm
http://www.comciencia.br/reportagens/memoria/02.shtml

http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2390,1.shl

(Texto de Flávia Natércia) 

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