Passo apressada por uma esquina, como sempre costumo estar. Ando tão depressa que poderia nem ter notado um grupo de homens sentados na porta de um bar. E só os notei pois não estava apressada o bastante para não ouvir um deles me dizer: "Você aí com esses colchão (leia-se: coxão) e eu aqui dormindo no chão". Paro. "Ei, gostou das minhas coxas? Então vem aqui, dá uma apalpada. Apalpada só não. Pega, aperta, beija, lambe". Penso. Mas não digo. Não que eu estivesse com vontade de ter aquele homem pegando nas minhas pernas. Não mesmo. A vontade era de saber o que ele faria caso eu reagisse dessa forma. Eu não faço a menor ideia. E tenho a certeza de que ele também não.
Não sei exatamente o que motiva os homens a cantarem as mulheres nas ruas, mas sei que eles só o fazem porque têm a certeza de que vamos ignorar ou, no máximo, dar uns resmungos. É como tocar a campainha e sair correndo. Eles não esperam que a gente vá abrir a porta (ou qualquer outra coisa que o valha). E é pelo mesmo motivo que os homens muito bonitos e mesmo nós mulheres somos muito mais contidos em relação às cantadas. Porque sabemos que, para mulheres ou para homens lindos, a chance de uma resposta positiva a uma cantada é muito maior. E ninguém quer uma resposta positiva. O que se quer mesmo é tocar a campainha e sair correndo. Pra quê? Talvez pelo mesmo motivo que leva as mulheres a irem ao banheiro sempre em grupinhos: pra nada.
Mas independente dos motivos – ou da falta deles – uma coisa é fato: até para uma bobagem dessas, de motivação desconhecida e sem importância, é preciso ter talento. O cara lá do início do texto, por exemplo, não tem talento. Ele é um adepto da "pasteurização das cantadas" e deve aplicar essa mesma em todas as mulheres de pernas relativamente grossas. Mesmo assim, não é um caso perdido. Pode até arrancar uma risadinha, de vez em quando. Eu mesma ri, quando ouvi essa dos "coxão" pela primeira vez. Depois perdeu a graça.
Caso perdido mesmo são os nojentos. E eles estão distribuídos em três categorias: 1) Os obscenos: trata-se do tipo mais comum dos nojentos. Sem respeito e educação, eles tentam chamar a atenção das mulheres usando palavras de baixo calão. 2) Os onomatopéicos: eles tentam ser divertidos, mas só conseguem ser patéticos. São uns ruídos estranhos, um tal de hummmmm e shhhhhhh, que eu já até cheguei a pensar que o cara estivesse passando mal. 3) Os agressivos: são raros, mas existem. Certa vez, em plena luz do dia, um cidadão parou na minha frente, disse "gostosa" (com uma grosseria que na hora eu até fiquei em dúvida se foi "gostosa" ou "horrorosa") e me deu um soco no ombro. Simples assim.
Para mim, os nojentos não fazem o menor sentido. Se uma mulher dificilmente dará trela para uma cantada fofa, muito menos para um palavrão, uma onomatopeia insinuante ou um soco. Mas...c ada um com sua abordagem. Quem sou eu para interferir.
Por falar nas cantadas fofas, elas também existem! Eu não sou tão chata que se irrita com tudo. As mais fofas, aliás, nem são muito elaboradas. Normalmente, são as mais simples, espontâneas e, claro, educadas. Quando um cara me diz, na rua, "bom dia, princesa", por exemplo, eu não tenho coragem de não responder. Eu respondo e sorrio. Porque ele foi educado e eu não posso ser diferente.
Fofos também eram os moços do Corpo de Bombeiros que tem aqui perto de casa. Toda vez que minha irmã passava na porta do batalhão, ouvia um ou mais comentar: "Essa aí eu salvo mesmo". Até que um dia, houve um incidente e minha irmã precisou, de fato, ser salva. Constrangimento para eles, quando viram que era ela a pessoa precisando de socorro. E constrangimento para ela, quando abriu os olhos e se viu no carro de resgate, acompanhada de seus admiradores.
Cuidado com o que deseja. A vida é muito mais danadinha que você!
Não sei exatamente o que motiva os homens a cantarem as mulheres nas ruas, mas sei que eles só o fazem porque têm a certeza de que vamos ignorar ou, no máximo, dar uns resmungos. É como tocar a campainha e sair correndo. Eles não esperam que a gente vá abrir a porta (ou qualquer outra coisa que o valha). E é pelo mesmo motivo que os homens muito bonitos e mesmo nós mulheres somos muito mais contidos em relação às cantadas. Porque sabemos que, para mulheres ou para homens lindos, a chance de uma resposta positiva a uma cantada é muito maior. E ninguém quer uma resposta positiva. O que se quer mesmo é tocar a campainha e sair correndo. Pra quê? Talvez pelo mesmo motivo que leva as mulheres a irem ao banheiro sempre em grupinhos: pra nada.
Mas independente dos motivos – ou da falta deles – uma coisa é fato: até para uma bobagem dessas, de motivação desconhecida e sem importância, é preciso ter talento. O cara lá do início do texto, por exemplo, não tem talento. Ele é um adepto da "pasteurização das cantadas" e deve aplicar essa mesma em todas as mulheres de pernas relativamente grossas. Mesmo assim, não é um caso perdido. Pode até arrancar uma risadinha, de vez em quando. Eu mesma ri, quando ouvi essa dos "coxão" pela primeira vez. Depois perdeu a graça.
Caso perdido mesmo são os nojentos. E eles estão distribuídos em três categorias: 1) Os obscenos: trata-se do tipo mais comum dos nojentos. Sem respeito e educação, eles tentam chamar a atenção das mulheres usando palavras de baixo calão. 2) Os onomatopéicos: eles tentam ser divertidos, mas só conseguem ser patéticos. São uns ruídos estranhos, um tal de hummmmm e shhhhhhh, que eu já até cheguei a pensar que o cara estivesse passando mal. 3) Os agressivos: são raros, mas existem. Certa vez, em plena luz do dia, um cidadão parou na minha frente, disse "gostosa" (com uma grosseria que na hora eu até fiquei em dúvida se foi "gostosa" ou "horrorosa") e me deu um soco no ombro. Simples assim.
Para mim, os nojentos não fazem o menor sentido. Se uma mulher dificilmente dará trela para uma cantada fofa, muito menos para um palavrão, uma onomatopeia insinuante ou um soco. Mas...c ada um com sua abordagem. Quem sou eu para interferir.
Por falar nas cantadas fofas, elas também existem! Eu não sou tão chata que se irrita com tudo. As mais fofas, aliás, nem são muito elaboradas. Normalmente, são as mais simples, espontâneas e, claro, educadas. Quando um cara me diz, na rua, "bom dia, princesa", por exemplo, eu não tenho coragem de não responder. Eu respondo e sorrio. Porque ele foi educado e eu não posso ser diferente.
Fofos também eram os moços do Corpo de Bombeiros que tem aqui perto de casa. Toda vez que minha irmã passava na porta do batalhão, ouvia um ou mais comentar: "Essa aí eu salvo mesmo". Até que um dia, houve um incidente e minha irmã precisou, de fato, ser salva. Constrangimento para eles, quando viram que era ela a pessoa precisando de socorro. E constrangimento para ela, quando abriu os olhos e se viu no carro de resgate, acompanhada de seus admiradores.
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